Na próxima quinta-feira, 20 de novembro, vai ser lançado o
meu ensaio O Pequeno Homem das Montanhas – Dersu Uzala: Ecologia, Semiótica e
Arte, publicado pela Fortunella Casa Editrice. O lançamento acontece a partir
das 19:00 na Livraria Nobel da Avenida Salgado Filho, em Natal.
Cena de Dersu Uzala, de Akira Kurosawa
O explorador, cartógrafo e escritor Vladimir Arseniev
percorreu a taiga da região siberiana do Uçuri ao longo de mais de vinte anos
de expedições. Numa delas, em 1902, conheceu o caçador nômade Dersu Uzala.
Nasceu entre os dois uma profunda amizade, que o escritor reconstruiu no livro Dersu
Uzala, publicado em 1923, em que se baseia o filme homônimo que Akira Kurosawa dirigiu
em 1975.
Essa amizade nascida entre as montanhas simboliza o diálogo e a
miscigenação possíveis entre cultura científica e outros saberes e métodos de
aproximação ao real. É o que defendo em O Pequeno Homem das Montanhas, uma
viagem transdisciplinar que - usando como operadores a narrativa literária de
Arseniev e a cinematográfica de Kurosawa – se interroga sobre questões
epistemológicas cruciais como as relações entre sujeitos humanos e ambientes
não urbanos, o trinômio sujeito-objeto-representações, os conceitos de híbrido,
de humano e não humano, de vivo e não vivo, de relação direta e mediada com o
real.
Na minha visão, a vida e a obra de Arseniev encarnam a riqueza, a
polifonia e a intrínseca mestiçagem de uma ciência não fechada, de uma ecologia
dos conhecimentos que faz dialogar e hibrida certezas e incertezas, rigor e
sensibilidade. A vida de Dersu, por sua vez, encarna um modo de ser, de
conhecer e de viver que faz da instabilidade, da imponderabilidade, da
incerteza, da mudança incessante o húmus para o florescimento de uma ética do
cuidado e da solidariedade. Estilos de vida, ambos, cada vez mais ameaçados.
Mas seu eco conseguiu chegar até nós e ainda podem instigar mudanças em nossos
modos de ser, de conhecer e de viver.
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